Você conhece a origem da letra Ñ? Por meio do alfabeto romano, também conhecido como alfabeto latino e padrão para a maioria das línguas ao redor do globo, a escrita e oralidade hispânica foi ganhando corpo. Quando comparada com o português, que compartilha da mesma gênese, nota-se claras diferenças no seu som e formação.
Uma das maiores marcas da língua espanhola, o “Ñ” data sua origem por volta de mil anos atrás, na Idade Média. Mas como esta letra tornou-se parte do alfabeto hispânico e se adaptou durante os anos?
A origem da letra Ñ
O início da formação da letra mais marcante do espanhol se deu por uma necessidade: os povos da região conhecida como Hispânia criaram sua identidade reproduzindo o som “eñe”, inexistente no latim.
O ato contínuo da evolução de um idioma envolve a adaptação da linguagem por seus locutores. Como consequência de uma expansão do latim, se constituem as línguas românicas, conhecidas atualmente como o espanhol, português, italiano e francês.
A presença deste som, chamado de nasal palatal, é perceptível em todos os idiomas. O dígrafo, representado em português por “nh”, era presente no espanhol como “nn”. A partir do seu desenvolvimento, a língua espanhola transformaria seu dígrafo em uma letra.
A inclusão no alfabeto
A princípio, por volta do século IX, existiam três maneiras de transcrever o “Ñ”. Os escrivães, responsáveis pela documentação do idioma, eram conhecidos como copistas, por ‘copiarem’ o som da fala para a escrita.
Segundo Gómez Asencio, professor de Língua Espanhola na Universidade de Salamanca, os escrivães adotaram a letra com o til em uma tentativa de simplificar e reduzir o dígrafo “nn”:
“Essa foi uma solução para economizar pergaminho e facilitar o trabalho árduo dos monges escribas. Por isso o uso de abreviações era muito comum na época”, afirmou à BBC Mundo.
No século XII, o rei Alfonso X, conhecido como O Sábio, decretou como correto o emprego da letra “Ñ”, buscando padronizar a escrita da língua espanhola. Curiosa a origem da letra Ñ, não?
Adaptação da língua
A partir da reforma ortográfica de Alfonso X, o uso do “Ñ” se tornou implícito no cotidiano espanhol, até que, em 1492, a primeira gramática do castelhano, feita por Antonio de Nebrija, tornou a letra oficialmente parte do alfabeto.
Além da “Ñ”, o alfabeto hispânico já adotou as letras “Ll” e “Ch”, correspondidas pelo “Lh” e “Ch” em português, sendo foneticamente representadas por “i” – ou “j” no sotaque argentino – e “ti”, respectivamente. Em 2010, a RAE (Real Academia Española) reclassificou os termos como dígrafos, ajustando o abecedário em 27 letras.
A letra Ñ pelo mundo
Apesar da presença do “Ñ” ser mais reconhecida no castelhano, a língua espanhola não foi a única a adotá-lo. O galego e o asturiano, idiomas das Comunidades Autónomas espanholas Galiza e Astúrias, também usufruem da letra.
Línguas indígenas de povos de toda a América Latina também fazem o uso do ene com til. São exemplos: mixteco, zapoteco, otomí, quechua, aymara, mapuche e o guarani.
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